Li certa vez
uma lenda, que não sei quem escreveu, mas que me fez muito bem. Dizia que um
rei tinha dado à sua filha, a princesa, um belo colar de diamantes. Mas o colar
foi roubado e as pessoas do reino procuraram por toda a parte sem conseguir
encontrá-lo. Alguém havia dito ao rei que seria impossível encontrá-lo, porque
um pássaro o teria levado fascinado por seu brilho. O rei, desesperado, então
ofereceu uma grande recompensa para quem o encontrasse.
Um dia, um
rapaz caminhava de volta para casa ao longo de um lago sujo e mal cheiroso.
Enquanto andava, o rapaz viu algo brilhar no lago e quando olhou viu o colar de
diamantes. Tentou pegá-lo, pôs sua mão no lago imundo e agarrou o colar, mas
não conseguiu segurá-lo, o perdeu. No entanto, o colar continuava lá no mesmo
lugar, imóvel. Então, desta vez ele entrou no lago, mesmo sujo, e afundou seu
braço inteiro para pegar o colar; mas não conseguiu de novo, o colar
escapava-lhe.
Saiu, sentou
e pensou de ir embora, sentindo-se deprimido. Mas, de novo ele viu o colar
brilhando. Decidiu agora mergulhar no lago, embora fosse sujo. Seu corpo ficou
todo sujo, mas ainda assim não conseguiu pegar o colar.
Ficou
realmente aturdido e saiu, sentou-se às margens do lago, pensativo... que
mistério!
Um velho que
passava por ali o viu angustiado, e perguntou-lhe o que estava havendo. O rapaz
não quis contar para o velho com medo de perder a recompensa do rei. Mas o
velho pediu ao rapaz que lhe contasse qual o problema, e prometeu que não
contaria nada para ninguém e não o atrapalharia em nada.
O rapaz,
dando o colar por perdido, decidiu contar ao velho. Contou tudo sobre o colar e
como ele tentou pegá-lo, mas fracassando. O velho então lhe disse que talvez
ele devesse “olhar para cima”, em direção aos galhos da árvore, em vez de olhar
para o lago imundo. O rapaz olhou para cima e, para sua surpresa, o colar
estava pendurado no galho de uma árvore. Tinha o tempo todo, tentado capturar
um simples reflexo do colar...
A felicidade
material é como este colar brilhante no lago deste mundo; pois é um mero
reflexo da felicidade verdadeira do mundo espiritual. É melhor “olhar para
cima”, em direção a Deus, que é a fonte da felicidade real, do que ficar
perseguindo o reflexo desta felicidade no mundo material. A felicidade
espiritual é a única coisa que pode nos satisfazer completamente.
Não é o que
diz o Salmista?
“O homem
passa como uma sombra, é em vão que ele se agita; amontoa sem saber quem
recolherá” (Sl 38,7)
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