( Esta foto é atual do Jardim de Getsêmani, onde Jesus estava quando tudo aconteceu.)
É quase meia-noite quando eles deixam o cenáculo e descem
pelas ruas da cidade. Eles passam pelo Tanque Inferior e passam pelo Portão da Fonte,
saindo de Jerusalém. As estradas estão forradas com os fogos e barracas de
peregrinos da Páscoa. A maioria está dormindo, fartos coma refeição da noite.
Aqueles ainda acordados não dão importância ao bando de homens que caminham
pela estrada calcária.
Eles atravessam o vale e sobem o caminho que os levará a
Getsêmani. A estrada é íngreme e eles param para descansar. Em algum lugar
dentro das muralhas da cidade o décimo segundo apóstolo desce sorrateiramente
uma rua. Os pés dele foram lavados pelo homem que ele trairá. O coração dele
foi tomado pelo Maligno que ele ouviu. Ele corre para encontrar Caifás. O
encontro final da batalha começou. Quando Jesus observa a cidade de Jerusalém,
ele vê o que os discípulos não podem. É aqui, nos arredores de Jerusalém que a batalha
terminará. Ele vê as manobras de Satanás. Ele vê ocorre-corre dos demônios. Ele
vê o Maligno se preparando para o encontro final. O inimigo olha como um
espectro aquela hora. Satanás,o anfitrião do ódio, agarrou o coração de Judas e
sussurrou na orelha de Caifás. Satanás, o mestre da morte, abriu as cavernas e
se preparou para receber a fonte de luz. O inferno está se soltando. A história
registra isso como a batalha dos judeus contra Jesus.
Não era.
Era uma batalha
de Deus contra Satanás. E Jesus sabia disso. Jesus sabia que antes que a guerra
acabasse, ele seria levado cativo. Ele sabia que antes da vitória viria a
derrota.Ele sabia que antes do trono viria o cálice. Ele sabia que antes da luz
de domingo viria a escuridão de sexta-feira. E ele tem medo. Ele vira e começa
a subida final até o jardim. Quando ele chega à entrada, ele pára e volta os olhos
para o círculo de seus amigos.Será a última vez que ele os vê, antes deles o
abandonarem. Ele sabe o que farão quando os soldados vierem. Ele sabe que até a
traição deles falta poucos minutos. Mas ele não acusa. Ele não dá carão. Ao
invés disso, ele ora. Os últimos momentos dele com os seus discípulos são em
oração. E as palavras que ele fala são tão eternas quanto as estrelas que as ouvem.
Imagine, por um momento, você mesmo nesta situação. Sua hora final com um filho
prestes a ser enviado para uma terra distante. Seus últimos momentos com seu
cônjuge que está morrendo. Uma última visita com seu pai. O que você diz? O que
você faz? Que palavras você escolhe? É notável que Jesus decidiu orar. Ele
decidiu orar por nós. “Eu não estou orando somente por eles, mas também por
aqueles que ainda vão acreditar em mim por intermédio do ensino deles, para que
todos sejam um só. Pai, oro também para que eles estejam em nós, assim como eu estou
no senhor e o senhor está em mim. Que eles sejam um para que o mundo acredite
que o senhor me enviou.” [João 17:20-21 Versão Fácil de Ler]
Você precisa
prestar atenção que nesta oração final Jesus orou por você.
Você precisa grifar
em vermelho e realçar em amarelo o amor dele: “Eu também estou orando por
aqueles que ainda vão acreditar em mim por intermédio do ensino”.
Isso é você.
Enquanto Jesus entrou no jardim, você estava na oração dele. Quando Jesus olhou
ao céu, você estava na visão dele. Quando Jesus sonhou com o dia em que nós estaríamos
com ele, ele viu você lá. A oração final dele era por você. A dor final dele
era para você. A paixão final dele era você.
Ele vira então, entra no jardim, e
convida Pedro, Tiago e João a seguirem. Ele lhes diz que a alma dele “está
profundamente triste, até à morte”, e começa a orar.
Ele nunca se sentiu tão só.
O que deve ser feito, só ele pode fazer.Nenhum anjo pode fazer. Nenhum anjo tem
o poder para quebrar os portões de inferno. Nenhum homem pode fazer. Nenhum
homem tem a pureza para destruir o controle do pecado. Nenhuma força na terra pode
enfrentar o poder do mal e ganhar, exceto Deus. “O espírito está disposto, mas
a carne é fraca”, Jesus confessa.
Sua humanidade implorou par ser livrado
daquilo que sua divindade poderia ver. Jesus, o carpinteiro, roga. Jesus, o
homem, olha para dentro do buraco escuro e implora, “será que não pode haver
outro jeito?” Será que ele sabia da resposta antes que ele fez a pergunta? Será
que seu coração humano imaginava que seu pai divino havia achado outra maneira?
Nós não sabemos. Mas nós sabemos que ele pediu para escapar.Nós sabemos ele
implorou por uma saída. Nós sabemos que havia um momento, no qual, se ele
pudesse, ele teria se retirado da enrascada toda e ido embora. Mas ele não
pôde.
Ele não pôde porque ele viu você. Aí mesmo no meio de um mundo que não é
justo. Ele lhe viu num rio de vida que você não pediu. Ele lhe viu traído por
aqueles que você ama. Ele lhe viu comum corpo que adoece e um coração que
cresce enfraquece. Ele viu você em seu próprio jardim de árvores tortas e
amigos adormecidos. Ele lhe viu fitando o buraco dos seus próprios fracassos e
a boca de sua própria sepultura. Ele viu você em seu próprio Jardim de
Getsêmani – e ele não queria que você estivesse só. Ele queria que você
soubesse que ele esteve lá também. Ele sabe o que é ser alvo de um complô. Ele
sabe o que é ficar confuso. Ele sabe o que é ficar dividido entre dois
desejos.Ele sabe o que é sentir o fedor de Satanás. E, talvez mais que tudo,ele
sabe o que é implorar a Deus para mudar de plano e ouvir Deus dizer tão
suavemente, mas firmemente, “Não”.
Pois foi isso que Deus disse a Jesus. E
Jesus aceita a resposta.
Em algum momento durante aquela hora de meia-noite um
anjo de clemência chega para o corpo cansado do homem no jardim. Quando ele
fica de pé,a angústia não mais está nos olhos dele. Seu punho não se apertará mais.
O coração dele não lutará mais. A batalha é ganha. Você pode ter pensado que
foi ganha no Gólgota. Não foi. A batalha final foi ganha em Getsêmani. E o
sinal da conquista é Jesus em paz entre as oliveiras. Porque foi no jardim que
ele tomou sua decisão. Ele preferiria ir para inferno por você do que ir para o
céu sem você.
Autor: Max Lucado