Nós não sabemos o que aconteceu a José. Seu papel no primeiro ato é tão importante que esperamos vê-lo no resto do drama — mas, com exceção de uma pequena cena que se passou quando Jesus tinha 12 anos, quando estava em Jerusalém, ele nunca mais aparece. O resto de sua vida é deixado à especulação e nós somos abandonados com nossas perguntas.
Entretanto, de todas as minhas perguntas, a primeira seria sobre Belém. Eu gostaria de saber sobre a noite na estrebaria. Posso imaginar José ali. Pastagens iluminadas pela lua. Estrelas brilhando no céu. Podemos ver Belém brilhando à distância. Lá está ele, andando do lado de fora da estrebaria.
O que ele estaria pensando enquanto Jesus estava nascendo? O que passava por sua mente enquanto Maria estava dando à luz? Ele tinha feito tudo o que podia — esquentado a água, preparado um lugar para Maria se deitar. Ele deixou Maria o mais confortável que podia dentro de um celeiro e, então, saiu. Ela teria pedido para ficar sozinha, e José nunca se sentira tão só quanto naquele momento.
Nesta eternidade que se passou entre a despedida de sua mulher e a chegada de Jesus, o que estaria ele pensando? Ele caminhou pela noite e olhou para as estrelas. Será que ele orou?
Por alguma razão, eu não o vejo silencioso: observo José animado, caminhando. A cabeça balança num minuto, os punhos se agitam no outro. Não era isso o que tinha em mente. Fique imaginando o que ele disse...
Não foi isso o que planejei, Deus. De jeito nenhum. Meu filho nascendo numa estrebaria? Eu achava que não ia acontecer dessa maneira. Um lugar com ovelhas e burros, palha e feno? Minha esposa dando à luz tendo apenas as estrelas para ouvir sua dor?
De maneira alguma era isso o que tinha imaginado. Não, eu imaginava família. Imaginava avós. Imaginava vizinhos amontoados do lado de fora e amigos de pé, ao meu lado. Imaginava a casa explodindo com o primeiro choro do menino. Palmas no fundo. Risadas em alto som. Júbilo.
Era assim que eu imaginava que seria.
A parteira traria a criança para mim e todas as pessoas aplaudiriam. Maria descansaria e nós festejaríamos. Toda a Nazaré celebraria.
Mas olhe só. Nazaré está a cinco dias de distância. E aqui estamos nós numa... numa pastagem de ovelhas. Quem vai celebrar conosco? As ovelhas? Os pastores? As estrelas?
Isto não parece correto. Que tipo de marido sou eu? Não trouxe nenhuma parteira para ajudar a minha esposa. Não há uma cama para descansar. Seu travesseiro é um dos panos que tirei de minha mula. A casa que lhe preparei é um amontoado de palha e feno.
O cheiro é ruim, os animais fazem barulho. Por quê? Eu mesmo estou cheirando feito um pastor.
Será que perdi alguma coisa? Deus, será que não entendi algo?
Quando o Senhor me enviou um anjo com a notícia de que um filho estava por nascer, não foi isso o que imaginei. Eu imaginava Jerusalém, o templo, os sacerdotes e as pessoas reunidas para ver. Talvez até mesmo uma cerimônia. Uma parada. Um banquete, pelo menos. Puxa, afinal, Ele é o Messias!
Pois então, se não era para nascer em Jerusalém, que tal Nazaré? Nazaré não teria sido melhor? Pelo menos ali, tinha a minha casa e o meu negócio. Fora de lá, o que tenho? Uma mula cansada, uma pilha de lenha e um pote de água quente. Eu não queria que as coisas fossem assim! Não era isso o que queria para o meu filho...
Ai, ai, ai, eu fiz de novo. Eu fiz de novo, não fiz, Pai?
Eu não queria fazê-lo; é que esqueci.
Ele não é meu filho... é o seu Filho.
(Max Lucado- Livro “Ele Ainda Remove Pedras".
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